FALÁCIAS 05 – CABEÇA DE VENTO
Mais uma vez fui pego de surpresa, ao apoiar um amigo em uma visita técnica na cidade de São Paulo, quando descobri que o Corpo de Bombeiros de São Paulo está aprovando projetos que possuem “ventiladores eólicos” como solução de extração natural para sistema de controle de fumaça.
Para quem não sabe do que se trata, segue um breve descritivo de um fornecedor:
“Exaustor Eólico é um exaustor sem motor, que instalado acima dos telhados é movimentado pela força do vento externo e pelo calor interno, produzindo a exaustão de um recinto, melhorando as condições do ar internamente, diminuindo a concentração de gases, fumaças, odores e pó, aproximando a temperatura interna da externa. Exaustores eólicos são indicados para exaustão de galpões, escolas, indústrias, quadras, fábricas e outros locais com grande quantidade de ar quente retido em seu interior. Esses exaustores renovam o ar de forma natural, atuando sem utilização de energia elétrica. ”
Da mesma forma, lanternins fixos para ventilação industrial estão sendo aceitos como ventilação natural para controle de fumaça. Outro erro catastrófico, que está causando enorme prejuízo financeiro para alguns de meus clientes.
Não localizei qualquer fornecedor arvorando-se em afirmar que tais singulares dispositivos se prestam a atender os rigores de “requisito e desempenho” exigidos na IT-15 do Corpo de Bombeiros de São Paulo e demais normas internacionais ( BS EN12101-part2 ) reconhecidas ou Handbook da ASHRAE. Além do mais, a nova legislação estadual 63.911/2018, já exige que todos os sistemas de proteção contra incêndio devem possuir seus equipamentos e dispositivos certificados. Então, qual o motivo de aprovarem projetos com tais dispositivos?
Gostaria de apresentar um alerta aos leitores: “utilizar tais soluções trata-se de erro grotesco, bem como irresponsabilidade, somente mantida e cultivada por pessoas que não detém a menor capacitação para elaborar projetos ou instalações de proteção contra incêndio.”
Assim sendo, o próprio Corpo de Bombeiros está jogando no lixo o “Anexo B – Eficiência dos exaustores“, contido na IT-15, Parte 3, além de estar descumprindo o contido nas notas desse gráfico.
Será que as aprovações estão baseadas no termo utilizado pelos fabricantes de que o dispositivo serve para diminuir as “concentrações de fumaças”? Tal incorreção deve ser corrigida e profissionais sérios no mercado não podem aceitar tamanha agressão aos conceitos técnicos.
Esses dispositivos eólicos ou lanternins nunca foram submetidos aos rigorosos testes exigidos para “exaustores de fumaça”. Testes que tive a oportunidade de acompanhar em uma das mais respeitadas empresas no mundo, em visita realizada na Alemanha.
Todo e qualquer dispositivo projetado ou instalado para o controle da fumaça em edificações deve ser CERTIFICADO (isso já consta do texto da nova norma da ABNT que estamos construindo) e, da mesma forma, deverão atender a todos os requisitos e desempenhos estabelecidos em normas internacionais, até que algum OCP – Organismo de Certificação de Produtos possua instrumentação e especialistas para a realização da certificação em laboratório nacional.
Assim sendo, exaustores eólicos e lanternins não devem ser utilizados em projetos de controle de fumaça naturais em qualquer edificação por não se prestarem a tal finalidade.
Para maiores informações vejam minha palestra a respeito do tema.