Caros leitores, sei que pode ficar enfadonho a apresentação de temas relacionados com as besteiras consolidadas no Decreto Estadual do Corpo de Bombeiros de São Paulo, mas algumas coisas chamam a atenção e atentam contra a ENGENHARIA e, principalmente, contra a FÍSICA.

“Bombeiros são de MARTE” é o tema que aponta para os inúmeros absurdos contemplados na legislação atual e anteriores, as quais invertem as LEIS DA FÍSICA.

Recentemente um especialista me procurou e afirmou que teve que cancelar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de um trabalho realizado para um Shopping Center. Seu cliente afirmou que o Corpo de Bombeiros local exigia somente “extração da fumaça”. O especialista em questão não conseguiu convencer com as LÓGICA, ENGENHARIA OU FÍSICA que tratava-se de um erro adotar tal postura em projetos. A afirmação do cliente: “- mas o Corpo de Bombeiros aprova meu projeto e me dá o AVCB se eu fizer o projeto desta forma e ainda tenho economia!”

Pode uma lei contrapor séculos de comprovações das LEIS FÍSICAS?? Pode sim !! Os Corpos de Bombeiros editam e copiam leis que CRIAM NOVAS LEIS DA FÍSICA.

Acredito que a cabeça de quem escreveu tais leis está mais preocupada na preparação para ocupação de MARTE e, portanto, devem estar adaptando viaturas para invadirem aquele planeta vermelho!

Albert Einstein, Isaac Newton e Bernoulli  devem estar mordendo suas lápides.

Vamos ao absurdo conceito deturpado, implantado na legislação que está sendo seguida cegamente pelos gestores das principais edificações, notadamente Shoppings Centers: trata-se do novíssimo descobrimento do termo “extração de fumaça”. Para quem é o coordenador dos trabalhos de elaboração da nova norma da ABNT de “Controle da movimentação da fumaça em edificações” (trabalho árduo e sério que não contou com o apoio do Corpo de Bombeiros, motivo pelo qual mudei o local das reuniões para a ABRAVA, a qual apoiou os trabalhos de elaboração da ABNT NBR 14880 e agora apoia inconteste nosso trabalho de elaboração desta nova NBR), a “extração da fumaça” é somente um dos requisitos do “controle da movimentação da fumaça”. Assim sendo, o que se acabou de inventar é mais ou menos o seguinte: bomba de incêndio sem reserva de incêndio ou pressurização de escadas sem entrada de ar para o ventilador.

Como é que profissionais dos Corpos de Bombeiros explicam essa isolada e insólita descoberta da física e não ganharam o “Prêmio Nobel”?

A solução única de “extração da fumaça”, utilizada em sua maioria pelos maiores Shoppings Centers do Brasil, descartando-se a imprescindível entrada de ar devidamente calculada para se garantir o plume da fumaça, a camada livre de fumaça e a camada de fumaça na porção superior dos ambientes trata-se de uma inovação, não é mesmo ?

Bombeiros foram para a Europa e viram “a olhos nus” testes reais em laboratório, demonstrando quais são os princípios basilares do controle da movimentação da fumaça e não aprenderam nada?

Eu gostaria de aprender em algum curso, em qualquer Corpo de Bombeiros do Brasil, essa nova FÍSICA, nascida das leis e decreptos. Gostaria de entender como é que GARANTEM QUE A FUMAÇA, dessa nova física descrita, NÃO INUNDARÁ TODO O AMBIENTE ??!? CONTRÁRIO A ESTUDOS DO MUNDO CIVILIZADO DE ESPECIALISTAS ?

Para resumir um dos resultados obtidos com base nas LEIS DA FÍSICA (2017 – 8th International Conference on Fire Science and Fire Protection Engineering – on the Development of Performance-based Fire Code): ” The numerical simulation results show that the control effect of smoke is the best when the air volume is 50% of the smoke volume”. Ou seja, das simulações realizadas o melhor resultado para o controle da movimentação da fumaça ocorre quando existe volume de entrada de ar 50% do volume da fumaça gerada (tradução livre).

Lembrando que a simulação foi realizada em um grande espaço, ou seja, um Atrium. Imaginem o efeito da velocidade da descida da fumaça em ambientes com pés-direitos menores, o qual comprometerá as rotas de fuga, desorientando e matando a população usuária.

É ou não é de virar o estômago? Gostaria de saber que curso de Engenharia esses profissionais frequentaram. Certamente não sentaram na mesma cadeira que eu e outros indignados especialistas! Ou colaram nas provas!

Escrevo mais esta manifestação por já ter enviado diversas vezes solicitação para alteração desse abjeto conceito e sequer obtive resposta ou mudança de postura na aprovação de projetos aqui em São Paulo.

Várias empresas me procuram solicitando que eu elabore projeto de “extração de fumaça” e tenho que sempre afirmar que não existe projeto de extração de fumaça e sim projeto de “controle da movimentação da fumaça”. Quando insisto nisso muitos procuram outros, ditos profissionais, que permanecem nesta onda da “cegueira deliberada dos cabeças de vento“.