Falácias/Soluções

FALÁCIAS 3 – LEGISLANDO COM OS PÉS

Caros leitores, nesta série de absurdos consolidados nas legislações de segurança dos Corpos de Bombeiros, apresentamos mais uma. Já foi mais do que demonstrado que o Corpo de Bombeiros de São Paulo não possui intimidade com sistemas complexos, tais como sistemas de pressurização de escadas, sistemas de detecção de incêndio, sistemas de controle de fumaça, water mist e outros.

Para o caso de sistema de controle de fumaça, o qual é, prioritariamente, voltado para a proteção à vida, já foi devidamente, e sem qualquer justificativa, chutado da legislação 56819/2011 (a qual caducou em dezembro de 2018).

Controle de fumaça apareceu no Decreto Estadual no Decreto Estadual 46076/2001, como critério para que se pudesse aumentar o caminhamento das rotas de fuga. Conceito muito interessante, já que rotas de fuga e controle de fumaça (acionados por sistemas de detecção de inêndio) estão, todos, alinhados à proteção à vida.

Outro exemplo é o risco Hospitais. No Decreto Estadual 56819/2011 exigia-se sistema de controle de fumaça para edificações com altura superior a 60 metros. Qual era a base deste chute? sempre perguntei mas nunca obtive resposta. A resposta veio neste novo Decreto 63911/2018, quando para este mesmo risco Hospital, o sistema de controle de fumaça será exigido somente para edificações com mais de 90 metros de altura.

Não entenderam? A resposta é simples, mais chute aliado a falta de conhecimento e vontade de estudar.

Só não entendi o porquê não chutaram para alturas maiores, como 200 metros ou 1000 metros de altura!

Já vi dezenas de projetos legais com tal sistema aprovados erroneamente, e tudo por falta de vontade de entender o básico funcionamento deste sistema. Até ventiladores eólicos que não se prestam para sistema de controle de fumaça são as novas jabuticadas aceitas como dispositivos de extração natural. Mas isto será tema para outro artigo.

A base de sustentação de meu argumento de que todas as legislações dos Corpos de Bombeiros são puro chute é a falta de apresentação de seus resultados. Qual é o resultado obtido pelas legislações dos Corpos de Bombeiros. Qual o resultado dos investimentos em viaturas, treinamentos e fiscalizações?

A resposta sempre vem com um amontoado de números desconexos. Avaliando-se o que chamam de estatística pude concluir dos números apresentados que a diminuição do número de vistorias realziadas resulta em diminuição de incêndios. Absurdo ? Sim! Mas é a única conclusão dos números apresentados que posso inferir.

Agora, se avaliarmos um trabalho, incontestavelmente sério, com sustentação científica, cujo resultado foi a efetiva diminuição do número de mortes causadas por incêndios, podemos encontrar no denominado  “American Burning”.  Reforço que se trata de trabalho científico, uma vez que estava e continua baseado em estatística, coisa que inexiste por estas terras tupiniquins.

Depois de 5o anos houve significativa diminuição destes números de mortes e a meta foi mais do que superada (diminuição de cerca de 70%), apesar de ainda serem números altos (3700 mortes em 2017 resultado de incêndios). Apesar da mudança na velocidade da propagação dos incêndios, muito por conta dos materiais de acabamento e revestimento nas residências, relatórios dão conta que esta diminuição é o resultado de:

1- conscientização e educação da sociedade, com treinamentos até em residências unifamiliares;

2- maior rigor nos códigos de obras locais quanto aos materiais de acabamento nas construções, e

3- utilização de sistemas de detecção de incêndio.

Estes foram os pilares para que tais números significativos fossem alcançados.

No corpo do documento original de 1973 do “American Burning”, pode-se ler o seguinte:

Mais de 11 bilões de dolares de nossos recursos são destruídos por incêndios todos os anos. Cerca de 12 mil pessoas são mortas e dezenas de milhares são psicologicamente e emocionalmente afetados pelos incêndios.

Aqui, em pleno século 21 não sabemos os custos das destruições dos incêndios, não sabemos os números de mortes, não sabemos o número de feridos ou afetados psicologicamente e emocionalmente, não sabemos a eficiência dos Corpos de Bombeiros, não sabemos os seus tempos-resposta, não sabemos a conscistência das legislações, as quais são copiadas e coladas entre os entes federados.

Todas as instituições de bombeiros estão em dívida perante a sociedade e seus especialistas enquanto as suas legislações forem puro chute.

Compartilhar:

Deixe seu comentário