ESCADA PRESSURIZADA E NÃO PRESSURIZADA
Nesta última sexta-feira 05/07/2019 recebi uma reclamação por parte de um profissional engenheiro, que atua na elaboração de projetos de pressurização de escadas, afirmando que vários projetos estão sendo analisados pelos Corpos de Bombeiros no sul do Brasil de maneira equivocada. Aparentemente, os analistas dos Corpos de Bombeiros estão exigindo que a solução de escadas pressurizadas das edificações sejam projetadas para a porção superior e porção inferior, mesmo que a porção inferior da edificação possua escada com menos de 12,0 metros de altura (medidos do piso do pavimento de abandono até o piso mais baixo do último subsolo).
Para casos assim não é necessário pressurizar a escada que dá acesso para a porção inferior da edificação, desde que a porção inferior não possua altura igual ou superior a 12,0 metros.
Ocorre que analistas de Corpos de Bombeiros estão exigindo, erroneamente e desconsiderando, o que está escrito na IT-13 do Corpo de Bombeiros de São Paulo, além do que está estabelecido na ABNT NBR 14880.
A IT-13, letra “e”, item 5.2.2, estabelece o que segue: “como regra geral, deve-se evitar o uso de escadas de segurança pressurizadas e escadas simples ou enclausuradas sem pressurização, quando ocupam o mesmo espaço (mesmo ambiente – por exemplo: mesmo corredor de acesso). Casos específicos poderão ser aceitos pelo Corpo de Bombeiros, desde que o responsável técnico cite claramente, no memorial específico, que as ventilações do ambiente (por exemplo: ventilações permanentes nas fachadas, nos corredores de acesso e outras) garantam a não interferência da escada pressurizada sobre as demais.”
O texto acima é oriundo de preocupação estabelecida na norma Inglesa BS 5588:parte 4, base de todos os nossos estudos, os quais iniciamos na década de 1990, e foram inseridos na ABNT NBR 14880 e IT-10 (atual IT-13), das quais fui o coordenador. Somente para conhecimento, atualmente, continuo coordenando a ABNT NBR 14880 e os estudos da norma de “Controle da movimentação da fumaça em edifícios”.
Assim sendo, o objetivo desse item, quando utiliza a palavra “interferência”, é o de garantir que o gradiente de pressão gerado por essa pressurização (gradiente desejado entre o interior e exterior de uma escada pressurizada), não gere um fluxo da fumaça do incêndio para a outra escada, a qual não é pressurizada. Outra característica desse texto é que as escadas devem servir aos mesmos ambientes, ou seja, principalmente, aos mesmos andares.
Escadas outras, principalmente em andares que não estão no mesmo ambiente ou andares (subsolos – os quais não possuem continuidade com a porção superior da edificação) e não correm o risco de sofrerem os efeitos do gradiente de pressão, não necessitam ser pressurizadas.
É necessário que todos os Corpos de Bombeiros estudem com mais vigor os conceitos atrelados aos textos das normas da ABNT ou textos que são copiados do Corpo de Bombeiros de São Paulo, além de buscarem o conhecimento de especialistas. Muitos profissionais dos Corpos de Bombeiros procuram resolver questões técnicas internamente quando deveriam procurar orientações de especialistas.
A Divisão Técnica de Engenharia de Incêndio, do Instituto de Engenharia, foi criada para proporcionar apoio a todo e qualquer profissional engenheiro ou empresa, na área de segurança contra incêndio.
Aos profissionais que estão projetando e sofrendo com tais “comunique-ses”, oriento enviarem questionamento à Comissão de Estudos da ABNT, a qual elaborou a referida norma.